Novos resultados – Comunidades de peixes recifais em recifes profundos no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (0º55.01’ N; 29º20.76´ W, Brasil

2022, janeiro

Fotos da expedição Alucia obtida pelo Deep Rover 2 e Nadir submersíveis no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. (A) Tosanoides aphrodite, (B) Hexanchus griseus, (C) Anthias asperilinguis, (D) Physiculus sp., (E) Coelorinchus sp. e (F) Gymnothorax maderensis com uma garrafa ao lado.

O PELD ILOC faz parte do Programa Ecológico de Longa Duração brasileiro desde 2012 e tem como foco o monitoramento das comunidades de recifes rasos nas quatro ilhas oceânicas brasileiras. Além disso, o projeto colabora ativamente com pesquisas que exploram os recifes mesofóticos dessas ilhas.

Neste sentido, em 2017, o PELD ILOC participou da expedição a bordo do navio de pesquisa americano MV Alucia, em parceria com pesquisadores da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI, EUA), da Universidade Federal Fluminense (UFF, Brasil), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB, Brasil) e da California Academy of Sciences (EUA). O principal objetivo desta expedição foi procurar por “fumarolas brancas” no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP). Secundariamente, imagens captadas pelo Deep Rover 2 (DR) e pelo submersível Nadir ao redor do Arquipélago, permitiram o levantamento inédito da ictiofauna recifal de ambientes profundos do local. A investigação destes peixes tem sido desenvolvida pelo estudante de graduação Cezar De Araújo (UFF), sob a supervisão do Dr. Carlos E.L. Ferreira (UFF) e do Dr. Hudson T. Pinheiro (CEBIMar, USP).

A contagem e identificação de peixes foi possível através da análise de fotos em time-lapse obtidas por câmeras instaladas em dois submersíveis, em transectos de 100 a 700 metros. A identificação de 1.924 indivíduos (pertencendo a 32 espécies, 15 ordens e 23 famílias) revelou uma comunidade de peixes muito distinta das comunidades de recifes rasos do local. Os dados mostraram uma diminuição na abundância e riqueza de espécies com o aumento da profundidade. Planctívoros bentônicos de ambientes mesofóticos foram significativamente dominantes até 400 metros de profundidade (ex., Anthias asperilinguis), com uma clara mudança para macro carnívoros a maiores profundidades (ex., Physiculus sp.). Muitas espécies tiveram sua extensão de profundidade conhecida aumentada, como o peixe-borboleta endêmico Prognathodes obliquus, para 300 m de profundidade. Este trabalho contribuiu para o entendimento da estrutura de comunidade de peixes recifais de ambientes profundos do ASPSP, destacando muitos dos impactos detectados (ex., lixo) e a vulnerabilidade destas espécies de peixes únicas.

Abundância relativa das famílias e espécies de peixes dominantes ao longo dos gradientes de profundidade e temperatura em recifes profundos do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. N/m = número total de peixes escalado com tempo de fundo a cada 100 metros.

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